“Spoor” de Agnieska Holland e Kasia Adamik Berlinale 2017
16.02.2017

A lenda viva do cinema polaco, Agnieska Holland, regressa com um thriller ecologico e misterioso que promete fazer correr muita tinta

Janina é uma engenheira reformada cuja excentricidade a tornou um figura incontornavel de uma pequena localidade idilica nas montanhas sudetes, perto da fronteira com a Republica Checa, no Sul do País. Entre o seu vegatarianismo militante e um interesse obssessivo pela astrologia, pouco a une ao resto da população da região, em principal a grande comunidade de caçadores. Quando um caçador fortuifo aparece morte perto de sua casa Janina passa rapidamente a ser a suspeita principal, num misterio invulgar.

É neste setting que se enquadra o mais recente trabalho de Agnieska Holland, que estreou ontem na competição do Urso de Ouro do Festival de Berlim. Realizado com a sua filha, Kasia Adamik, Holland regressa com a confiança só possivel com o tempo.

O misterio de “Spoor” tem muito de magico, já que impera no ar a possibilidade do assassinato ser fruto de uma força imcompreensivel da natureza que finalmente resolve impor uma vingança sangrenta por entre a comunidade de caçadores da região. Nada escapa a este misterioso criminoso: vários elementos influentes da comunidade (todos eles caçadores) caem progressivamente, e nem até a sede da associação de caçadores e própria igreja local, desaparecem em incendios igualmente incompreensiveis.

Janina não se mostra particularmente preocupada com o que os outros pensam, é a curiosidade em perceber o que se passa que acima de tudo a leva a tentar desvendar o fenomeno.

No processo “Spoor” revela-se como um thriller extremamente eficiente, sempre fiel ao genero mas suficientemente destemido para enverdar também pela comedia e até satira, e sempre de forma agil e triunfal.

Agnieska Holland, para além de ser uma cineasta madura e ousada, é também uma voz interveniente no seu país natal, sempre muito critica do processo politico liderado pelo partido Law and Justice, que dentro da sua logica extremamente conservadora, também se tem vindo a revelar a favor da caça desregulada. Este fenomeno é inquestionavelmente o grande motor do interesse de Holland em tal história, e é de “lingua afiada” que a realizadora imprime várias camadas ao seu ultimo trabalho, tornando-o ainda mais relevante.

Por Fernando Vasquez