“On A Beach At Night Alone” de Hong Sang Soo Berlinale 2017
20.02.2017

Um dos mais prolificos cineastas a nivel internacional, frequentemente a lancer mais de duas obras por ano, Hong Sang Soo trouxe a Berlim mais uma obra prima que se destaca pela simplicidade aparente e uma multiplicidade inerente , com os habituais dialogos intimos e autenticos que tanto o caracterizam.

Não é a primeira vez que o mestre Coreano cria personagens perfeitamente enraízadas na logica do cinema. Em “On a Beach At Night Alone” a protagonista Youngshee, uma actriz de renome que se viu totalmente exposta depois de ter um caso com um homem casado, inicia uma viagem que tem mais de redescoberta interior do que o mundo propriamente dito.

O filme divide-se em duas partes distintas. Começando com um periodo em Hamburgo, onde Youngshee decide abrir uma pausa na sua carreira, para descansar e ponderar o seu futuro junto de uma amiga de longa data e de novos amigos não muito intimos. A distancia da sua terra natal não se revela como grande conforto para a jovem actriz, que decide regressar na segunda parte, de forma a “enfrentar” um grupo de velhos amigos.

Após um inicio lento onde vai sondando o estado dos seus amigos, todos eles com os seus problemas pessoais, Youngshee eventualmente solta-se num jantar bem regado pelo alcool. É neste contexto que se inicia mais uma grande cena à volta de uma mesa de jantar, tal como em tantos outros trabalhos de Hong Sang Soo, que torna um filme aparentemente simples em algo profundamente complexo.

Para além de um cineastas imponente, capaz até de transformar um simples zoom num discreto apetrecho visual enormemente eficaz, Hong Sang Soo é também um habil escritor de dialogos, e em “On a Beach at Night Alone” talvez tenha encontrado o seu pico. Os dialogos afiados, principalmente quando proferidos por Kim Min-Hee, são electrizantes, apesar de quase sempre ponderados.

“On a Beach at Night Alone” é mais uma confirmação de que Hong Sang Soo é possivelmente o mais vital dos grandes nomes do cinema asiatico contemporaneo.

Por Fernando Vasquez