New Directors | New Films
Entrevista | Franziska M. Hoenisch
24.06.2018

Uma realizadora que nos é muito querida e cujo percurso esteve sempre ligado ao FEST. Franziska Hoenisch, participou em edições anteriores tanto no Training Ground como no Pitching Forum. O seu filme, “Club Europa”, encerra este ano o festival.

 

O que te levou ao cinema?

Os meus pais sempre me disseram que devia descobrir o que realmente gosto e então seria realmente boa nisso e também ganhará dinheiro com isso. Então essa é a minha premissa. Tive muita sorte, ao ter pais assim. A minha mãe faz escultura e meu pai toca violoncelo, e eu não sei por quê, mas gosto de pensar que estive sempre cercada de arte e por alguma razão sempre gostei. Estudei Ciências Culturais, que é mais sobre Belas Artes e o que se pode fazer com arte, como se pode usá-la para comunicar. E também estudei Ciência Política. Então foi sempre sobre como se comunica através da arte, como se pode torná-la útil e chegar às pessoas. Depois fiz um estágio na ARTV, um canal europeu sediado em França, no departamento de imprensa e relações públicas, a escrever sobre outras pessoas e o que elas faziam. Um dia conheci uma realizadora que estava a trabalhar em e estudar cinema e que me contou sobre isso, então pensei "Oh, eu realmente gosto do que ela faz". Depois percebi que era muito nova para me limitar a ficar com ciúme e tudo começou.

 

Como conheceste o FEST?

Conheci o festival quando uma amiga, Nkuli, da África do Sul, estava a vir à Europa pela primeira vez e tendo em conta que ela também é cineasta, ela estava interessada no panorama do cinema na Europa e eu estava a dizer-lhe que eu não sabia o que lhe mostrar porque não havia festivais a acontecer na Alemanha naquela altura e eu ainda era uma estudante e não sabia muito sobre cinema. Mas recebi um e-mail, através da minha escola, sobre o FEST, que estava a acontecer na altura em que ela estaria na Europa. Propus-lhe que viéssemos aqui e ela disse "Sim, isso soa bem".

 

E como te sentes ao ter o teu filme a ser exibido aqui?

Sim, é super especial. Quer dizer, quando cheguei aqui pela primeira vez, ainda estava a trabalhar num outro filme e tinha uma ideia muito vaga sobre este. No ano seguinte, trouxe a minha equipa para nos prepararmos para as rodagens. Depois da rodagem eu vim aqui durante a fase de edição e isso deu-me uma pequena pausa. E no ano passado eu vim cá quando tinha acabado de sair na Alemanha, então o filme realmente evoluiu comigo e com o FEST ao longo dos anos. No ano passado também estive aqui no Pitching Forum e lancei o meu novo projeto. Estou muito feliz de ter realmente crescido com o festival e muito grata por poder mostrar o meu filme aqui.

 

De onde surgiu a ideia para “Club Europa”?

Bem, eu fiz um intercâmbio na África do Sul, e quando se começou a falar sobre todos aqueles refugiados que vinham para a Europa e com o que se iria fazer pensei: "Todos nós podemos abrir nossas casas, como as pessoas fizeram por mim aqui ". Não é exatamente uma ideia, mas pensei: "Ok, por que não fazer um filme sobre isto?" Comecei a pesquisar e vi que já havia pessoas realmente a fazer isso, isso acontecia na vida real. A ideia depois foi pensar “Mas, até onde estamos dispostos a ir?” e eu acho que é um assunto de que eu realmente gosto de falar.

 

Como jovem cineasta, como passas da ideia ao filme?

Para mim, geralmente primeiro penso num tópico que quero abordar, só depois nas personagens, para algumas pessoas é o oposto. E geralmente há um longo processo, porque sei o que quero dizer, mas preciso descobrir qual é o grupo certo de pessoas para fazer parte da história. Então primeiro surge o interesse num tópico e depois faço pesquisa. Tento conhecer pessoas, ouvir as suas histórias e experiências. É sempre possível conhecer muitas pessoas, e isso realmente ajuda a tornar tudo menos fictício, a tornar a história mais real. E então depois pode-se tornar fictício novamente. Acho que isso é realmente importante, porque é preciso saber do que se está a falando.

 

Já pensaste em ser algo além de realizadora?

Não, eu estou realmente a lutar para que esta se torne na minha profissão e ficaria muito feliz se pudesse ser realizadora até ser muito velhinha, gostava mesmo de fazer isso.

 

Entrevista por Filipa Fonseca

Retirado do Leuk Jornal | Edição 4 | 24 - 25 JUN 2018