O filme vive centrado na personagem de Yoav, um jovem israelita recém-chegado a Paris e verdadeiramente obcecado pela cultura e língua francesa. O protagonista passa grande parte do seu tempo a recitar palavras, e os seus sinónimos, numa tentativa incessante de se tornar oficialmente francês.

Sem grandes posses e contactos, ele acaba por ser acolhido por um irmão e uma irmã de classe alta que o consideram demasiado interessante para ser abandonado na rua. E é neste contexto que se inicia uma serie de momentos em que Yoav vai experienciar a realidade francesa sem que nunca seja capaz de abandonar de todo as suas raízes israelitas.

Esta nova obra de Lapid é altamente contraditória, porque se a nível de conteúdo é um triunfo inquestionável, reinterpretando o que é ser francês e israelita no século XXI de uma forma brilhante, o mesmo não se pode dizer do método, que pouco mais será do que uma gimmick que rapidamente se torna profundamente irritante.

Se em relação ao que o autor nos quer dizer sobre a França tudo é muito claro, é talvez na sua critica ao estado militar israelita que o filme se torna mais poderoso. Yoav revela-se como um refusenik que se viu obrigado a abandonar o seu país após o trauma do serviço militar, e o impacto é de tal maneira profundo que a personagem recusa por completa a sua identidade judaica. Mas a raizes nunca o abandonam a ele, e ao longo do filme se vê confrontado com essa realidade. É só quando a França se revela ela também repleta de falhas e contradições que Yoav encontra um certo equilíbrio.

“Synonyms” é um filme inquestionavelmente interessante e importante, e todos aqueles que forem capaz de ignorar algumas das suas falhas a nível de processo, terão muito a aprender sobre estas duas culturas e todo o conceito de identidade.

Por Fernando Vasquez