Nos passados dias 19 e 20 de julho, o FEST - New Directors | New Films Festival realizou a primeira parte do seu ciclo de conferências online: "FUTURE", dedicado às alterações sistémicas no futuro imediato da indústria do cinema.
As conferências reuniram mais de 20 especialistas e profissionais da indústria, entre oradores e moderadores, bem como centenas de participantes interessados em conhecer as novas tecnologias, os desafios colocados pela pandemia, e a forma como a ascensão dos streamers está a aumentar todo o fluxo de trabalho da indústria.
Tobias Queisser (Cinelytic) e Sami Arpa (Largo) foram os primeiros profissionais a partilhar os seus conhecimentos e opiniões, num painel dedicado à Inteligência Artificial e às suas aplicações no cinema. Durante o painel fizeram-se muitas perguntas e partilharam-se curiosidades, desde as potencialidades de marketing e vendas de filmes regulados por I.A., à sua capacidade de análise e aperfeiçoamento de guiões, até à sua crescente importância sobre “como?”, “quando?” e “onde?” os filmes e séries de televisão são feitos (tanto em streamers, como a Netflix e Amazon, como em produções independentes); também houve, entre os participantes, quem tivesse dúvidas e incertezas sobre como a I.A. poderá vir a influenciar negativamente o cinema e a visão criativa de uma próxima geração de cineastas.
A gravação do primeiro painel está disponível aqui.
A Produção Virtual, tecnologia por detrás de séries televisivas na vanguarda, tais como Star Wars' The Mandalorian, foi o segundo tema abordado nas conferências "FUTURE". A conversa liderada pelos profissionais da indústria Johannes Wilke (Glassbox Technologies), Alex Stolz (Future of Film), e Jamie Mossahebi da Epic Games, que partilhou uma visão geral do Unreal Engine e da sua utilização em produções cinematográficas, indo da animação até ao live action. Houve bastante interesse pelas suas aplicações, sendo que os participantes se focaram principalmente nas repercussões que esta tecnologia poderá ter nos orçamentos, na alteração do foco da pós-produção para a pré-produção, e nos novos empregos que poderão ser criados, simplificados, ou tornados obsoletos.
O último painel abordou a vagarosa, mas constante, subida da tecnologia Blockchain até ao topo das mais úteis ferramentas utilizadas pela indústria cinematográfica; e contou com a participação de Irina Albita (Filmchain), Sam Klebanov (Cinezen), e Florian Glatz (German Blockchain Association).
Albita foi a primeira a apresentar as suas ideias sobre Blockchain, sublinhando a necessidade de modernizar os pagamentos dos profissionais de cinema e de televisão, e como "20% a 50% das receitas nunca chegam aos detentores corretos dos direitos". Glatz seguiu a apresentação da cofundadora da Filmchain, lembrando a capacidade desta tecnologia para criar um ambiente mais transparente na indústria cinematográfica, no que diz respeito a saber quanto deve, um determinado profissional, receber pelo seu trabalho, sublinhando também como este processo tem tudo para democratizar o acesso ao conteúdo cultural. Klebanov partilhou a sua visão e experiência com Blockchain, falando dos obstáculos ainda por ultrapassar, até legitimar e tornar essa tecnologia bastante mais acessível aos cineastas.
De 22 a 23 de julho, o FEST irá realizar as conferências do PRESENTE, onde serão abordados tópicos como o colapso das janelas de distribuição, o Programa Europa Criativa para 2021 - 2027, e os novos desafios enfrentados pelos profissionais da escrita e edição de cinema. A este programa juntar-se-ão os especialistas da indústria Gareth Wiley, Jon Croker, Melody London, Susana Costa Pereira, Tim Corrie, Valerio Bonelli, e muito mais.
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