O segundo dia de masterclasses do FEST colocou os atores no centro da conversa.
Ao longo de quatro sessões, em que partilharam experiências e conhecimentos próprios, os oradores Joshua Okpala (Bridgerton, A Very English Scandal), Nancy Bishop (Borat), Caprice Crawford e Chris Simon (The Killing of a Sacred Deer, Still Life) abordaram vários assuntos fundamentais e atuais que têm vindo a dominar os debates na indústria do cinema em anos recentes.
Durante todo o dia, no Auditório do Centro Multimeios de Espinho, estes profissionais da indústria partilharam experiências, episódios e conhecimentos pessoais. Um dos tópicos de discussão principais, no rescaldo do movimento #MeToo, foi a questão da intimidade num set de filme. O coordenador de intimidade, Joshua Okpala, enfatizou a importância de estabelecer limites enquanto performer no que toca à filmagem de cenas íntimas ou vulneráveis.
A sessão foi composta por cinco sessões - a história do papel de coordenador de intimidade, o que o papel implica, as diferentes relações de poder num set de filmagem, os pilares desta prática, e o processo de treino que a acompanha.
A conversa estendeu-se para um painel de grupo sobre Cenas de Sexo Simuladas e Nudez, que envolveu os quatro oradores e complementou a perspetiva de Okpala com o trabalho de Bishop enquanto diretora de casting, o outlook de Crawford enquanto agente de talentos, e o insight de Simon enquanto ator e produtor. Durante esta sessão, que adotou um tom mais conversacional, cada orador partilhou relatos na primeira pessoa que sublinharam a importância de estabelecer diretrizes relativas à intimidade desde o início ao fim da produção.
Caprice Crawford liderou o seu próprio painel sobre representar talentos a nível internacional, cobrindo tópicos como os benefícios de investir e a importância de ter uma comunidade. Mais uma vez, o foco esteve na compreensão das diferentes relações na indústria do cinema e em temas particulares para os atores, como como lidar com rejeição e o impacto da pandemia em novos atores.
O dia terminou com a masterclass de Chris Simon que ofereceu um ângulo único de um ator que se tornou produtor e sobre como os dois papéis de entrelaçam. Como um ator experiente e um produtor de sucesso, Simon discutiu a opção da carreira de produtor como uma forma de atores ganharem mais controlo sobre o seu trabalho.
Ao apontar uma luz sobre os direitos dos atores e a sua proteção e valorização enquanto profissionais, o FEST promove importantes mudanças na indústria do cinema, particularmente em Portugal onde algumas destas conversas ainda são limitadas.
Artigo redigido por Francisca Tinoco.