O FEST virou a sua atenção para o futuro do cinema, no quarto dia do seu programa de indústria.
A produção virtual irá provavelmente tornar-se essencial ao cinema moderno, até porque tem vindo a ficar cada vez mais acessível. Foi isto que os oradores do dia trouxeram a debate. Nancy Xu do London Innovation Lab da Epic, Johannes Wilke da Glassbox Technologies, Evgeny Kalachikhin e o português Pedro Domingo da Nu Boyana Portugal apresentaram softwares e tecnologia de ponta e expuseram os benefícios de que cineastas de todos os caminhos podem usufruir com o uso de produção virtual.
Produção virtual, em si, é um conceito bastante amplo e, como foi referido por Johannes Wilke durante a secção de Q&A da sua masterclass, ainda não faz parte da maioria dos currículos académicos. É aqui que o FEST intervém. O programa desta quinta-feira ofereceu um aprofundamento geral do mundo da produção virtual, disponibilizando uma minuciosa introdução para cineastas e todos os amantes de cinema que podem não saber o suficiente sobre o tema, assim como proporcionando profissionais já conhecedores com a oportunidade de conexão com colegas de diferentes cantos do mundo.
Uma abordagem interativa, envolvendo diferentes softwares e criando conteúdo virtual em tempo real, deu às masterclasses do dia um toque único e entusiasmante.
Nancy Xu inaugurou o dia com uma panorâmica da prática de produção virtual, cobrindo aspetos como o tipo de cenas que são normalmente desenvolvidas através deste processo, assim como as diferentes tecnologias que engloba. Com Johannes Wilke, os participantes do FEST puderam explorar o Unreal Engine, uma ferramenta de criação 3D para visuais foto-reais e experiências imersivas, e como a câmara virtual DragonFly da própria Glassbox pode oferecer interessantes oportunidades para a produção cinematográfica, nomeadamente no que toca à técnica "previs", ou a pré-visualização de cenas em pré produção. Esta tecnologia permite aos cineastas planear as suas filmagens, criando ambientes à escala dos cenários reais, e simulando movimento de câmara, planos e enquadramentos, prevendo, assim, possíveis contratempos que poderiam ter atrasado a produção. Este é apenas um tipo de software, cujas funções podem depois ser transferidas para todo o tipo de técnicas de produção digital.
Evgeny Kalachikhin trouxe a perspetiva de um realizador independente, enfatizando a importância e pragmatismo de combinar nova tecnologia de produção virtual com técnicas clássicas de produção cinematográfica. A produção virtual cria oportunidades únicas para estudantes, ou cineastas independentes, que não conseguem suportar custos de grandes equipas ou localizações ambiciosas, permitindo-lhes realizar as suas visões mais incríveis de forma virtual. O aumento da oferta, assim como a acessibilidade, têm vindo a reduzir custos, tornando estas ferramentas relativamente económicas para profissionais de menor escala.
Os VFX, ou efeitos visuais, especificamente, foram o tema principal da sessão de Pedro Domingo, para terminar o dia de masterclasses. O artista de efeitos visuais português deu uma apresentação detalhada de como VFX podem ajudar qualquer produção, independentemente da sua escala. Os tópicos abrangidos foram desde quando considerar VXF, até aos diferentes departamentos envolvidos neste processo, assim como como VFX podem ser usados, não só para grandes efeitos visuais, mas também para melhoramentos subtis.
Casar as oportunidades proporcionadas por novas tecnologias com a genuinidade de práticas de cinema tradicionais é o inevitável futuro do panorama do cinema e o FEST está a acompanhar todos estes desenvolvimentos.
Artigo redigido por Francisca Tinoco.