A Inteligência Artifical começou a ser usada na indústria cinematográfica no começo do século XXI, especialmente como ferramenta de seleção do conteúdo mais acertado para a audiência mais relevante, permitindo uma maior margem de sucesso nas bilheteiras e, subsequentemente, uma aposta mais lucrativa da produtora. A evolução natural desta tecnologia significa uma presença mais impactante na indústria do cinema – IA começa a ser usada, não só como ferramenta de conhecimento para o sucesso no mercado, mas como algo mais. IA é agora usada como ferramenta para o processo criativo, ajudando cineastas a encontrar uma narrativa que combine com os seus objetivos de marketing. Estará a IA a encorajar uma abordagem imitativa, fazendo uma indústria muito mais uniforme, sem características distintivas? Tudo isto se resume ao quão orgânico, e genuíno, o processo de produção de um filme deve ser. Há uma necessidade de observar como a IA influencia o processo criativo e, subsequentemente, o produto final. O uso de IA para ressuscitar atores ou mudar a voz, e dialeto, de um ator dá imensas possibilidades criativas ao cineasta, mas será que torna o produto menos valioso como forma de arte criativa.
Tecnologia de IA pode ser dispendiosa, sendo limitada a produtoras com fundos suficientes. Será o uso de IA, como degrau para o sucesso, limitado a grandes produtoras, deixando produtoras independentes um passo atrás para alcançar notoriedade de mercado? Se é este o caso, produções independentes serão mais difíceis de ser desenvolvidas, desencorajando novos cineastas. IA tem que ser vista com responsabilidade, de modo a ser uma ferramenta que melhore a indústria cinematográfica, como um todo, e não um fator que aumente a divergência entre cineastas independentes e grandes produtoras. Há também a ameaça contra as equipas de produção – IA é uma ferramenta que facilita o processo de produção, o que significa menos necessidade de certas posições. Isto obriga a que os profissionais da indústria reinventem as suas funções, o que poderá ser um processo complicado.
Profissionais da indústria devem discutir estes aspetos da IA na produção de cinema, quebrando barreiras e partilhando conhecimento, de forma a incorporar a IA de uma forma benéfica na produção cinematográfica.
Uma conferência moderada por Jorge Pereira, jornalista; com Sami Arpa, fundador e CEO da Largo; e Tobias Queisser, co-fundador e CEO da Cinelytic.