Pontuação: 3/5
Denis Coté pode ser um quase total desconhecido em Portugal, mas o novo mestre do cinema canadiano é uma autêntica estrela no universo da Berlinale. O autor regressa nesta edição com uma reinterpretação do género do terror, em “Ghost Town Anthology”.
O filme leva-nos ao seio de uma pequena localidade perdida no norte do Canada, rodeada de pradarias cobertas de neve e um frio glaciar que premeia o isolamento e um silêncio apenas perturbado pelo vento perpétuo. A morte de um jovem local transforma o dia-a-dia desta comunidade por completo, expondo-a a um fenómeno inexplicável: os mortos reaparecem como figuras estáticas no horizonte.
Ninguém parece preparado para ajudar esta população que aos poucos vai ter de aprender a conviver com este horror.
Como é já habitual, Denis Coté permanece um transgressor, e apesar de embarcar por um género repleto de regras e clichés, não demonstra qualquer vontade de responder à chamada, criando em vez disso um retrato íntimo de um ambiente e um medo.
Praticamente nenhum mistério é desvendado, todas as perguntas permanecem a pairar no ar (e não são só a perguntas que ficam suspensas no ar) e nem existe sequer um contexto linear dentro da narrativa. Existe sim um desenrolar, lento, cuidado e ofuscado, de acontecimentos que exploram a temática do medo de uma forma quase abstracta.
A fotografia 16mm acaba por jogar um papel fundamental, oferecendo uma poeira e um grão que torna a experiência mais organiza, resultado num cocktail que no papel não parecerá muito convincente, mas que na realidade é um quase triunfo. Seguramente não haverá muitos filmes do género por aí, tornando este “Ghost Town Anthology” numa sensação a experimentar por todos aqueles à procura de algo novo.
Por Fernando Vasquez