“Trainspotting 2” de Danny Boyle | Berlinale 2017
21.02.2017

Na era dos franchising nada é sagrada e nem um dos mais populares filmes independentes europeus da história recente sobreviveu a esta vaga, e no processo, apesar de alguns momentos hilariantes, revelou-se pouco capaz de oferecer algo mais que mera nostalgia.

O percurso de Danny Boyle desde o lançamento de “Trainspotting” em 1996 é notavel em vários aspectos. Ao longo dos anos foi responsavel pelo lançamento de vários movimentos e moda, por fazer renascer generos já esquecidos pelo tempo, e criar uma linguagem cinematográfica muito caracteristica e deveras popular. No entanto, “Trainspotting” continua a ser a sua grande obra. Como tal não é de estranhar que ao longa das decadas não tenham faltado rumores de uma possivel sequela, baseada na obra de Irvine Welsh, escritor do romance Trainspotting e dos vários capitulos seguintes.

É neste contexto que “Trainspotting 2” estreia no Festival Internacional de Berlim, mas apesar de toda a pompa e circunstância, o furor inevitavelmente ira desiludir muitos dos fies fãs da obras original.

Cerca de 20 anos depois da cobarde fuga, Rent vê-se obrigado a regressar a Edimburgo, onde Spud e Sick Boy continuaram as suas vides regradas por uma quase total falta de sucesso. O malfadado Beggie vive encarcerado numa cela, contando os dias para a sua inevitavel liberdade. Quando todas as personagens finalmente se reencontram inicia-se a habitual e espectavel sequencia de eventos vingativos que nos revelam que apesar do passar do tempo, as personagens pouco mudaram.

Nesse sentido “Trainspotting 2” é interessante e eficaz quando se limita a apresentar as suas personagens como um grupo de homens derrotados pela vida, onde todas as suas esperanças e anseios foram triturados pela maquina do tempo.

Mas este filme prefere limitar-se de outra forma, oferecendo acima de tudo nostalgia pelo passado, com um muito forçado tempero de presente. As personagens são agora acima de tudo caricaturas, sendo incapazes de trazerem nada de novo. Ao mesmo tempo a banda sonora, um dos pontos mais iconicas da obra originirvine al, vive refem da necessidade de apelar a um publico jovem, desconhecedor do universo de Irvine Welsh. O “lust for Life” de Iggy Pop reaparece agora misturado por The Prodigy, e em vez de Lou Reed somos obrigados a ouvir uma mistelada de sons e estilos que em nada contribuem para o ambiente que as personagens exigem.

A aposta é arriscada e Boyle arrisca-se a banalizar a obra original para muitos que passaram os ultimos vinte anos a defende-la.

Por Fernando Vasquez