Desde o longínquo ano de 2004 – ano da primeira edição do FEST – é díficil quantificar quantos novos realizadores surgiram no panorama internacional. A nossa equipa decidiu então sentar-se e criar um top ten das melhores, mais audaciosas e inovadoras primeiras longas-metragens estreadas neste período. Propositadamente, deixamos de fora os filmes que fizeram parte dos nossos programas, uma vez que terão a sua própria lista no futuro. Aqui está o nosso Top 10.
10. "BIG MAN JAPAN" (2007) de Hitoshi Matsumoto (Japão)
A “cena asiática” tem certamente testemunhado o aparecimento de realizadores inovadores nestes últimos 12 anos, mas nenhum tão corajoso como o japonês comediante Hitoshi Matsumoto. A sua estreia como realizador deu-se com a longa “Big Man Japan” que é talvez o filme mais insano alguma vez feito. O filme é uma sátira descomprometida sobre a mitologia popular japonesa que varia entre a ficção e documentário, ousadia esta que lhe vale um merecido lugar nesta lista.
9. “MARTHA MARCY MAY MARLENE" (2011) de Sean Durkin (EUA)
Apesar das estreias triunfantes em Sundance e Cannes, para além de mais de 20 premiações no circuito internacional de cinema, o filme de estreia de Sean Durkin é um dos mais subvalorizados filmes indie norte-americanos dos últimos 12 anos. A sua tímida performance nas bilheteiras não faz justiça a este ousado conto de domínio psicológico e manipulação, com surpreendentes interpretações de Elizabeth Olsen e John Hawkes.
8. "PERSOPOLIS" (2007) de Marjane Satrapi (França/Irão)
Baseado nas experiências pessoais de Marjane Satrapi que cresceu num Irão em revolução, “Persepolis” atingiu o meio cinematográfico em cheio no alvo. Poucos esperavam uma animação tão poderosa e envolvente, capaz de obrigar as audiências a reavaliar muitos pré-conceitos sobre o Irão e a sua revolução. Certamente o filme mais audaz do género nos últimos 12 anos.
7. “MARIA FULL OF GRACE" (2004) de Joshua Marston (Colombia)
Muito antes de Hollywood e o mundo da televisão ficar obcecado com o tráfico de droga colombiano, o retrato intimista de uma jovem “mula” feito por Joshua Marston, mostra-nos as inúmeras camadas do mundo das drogas. A estreia de “Maria Full of Grace” é ainda mais relevante uma vez que abriu as portas para uma década que seria histórica para o cinema nas Américas.
6. "ANIMAL KINGDOM" (2010) de David Michod (Australia)
O que aparenta ser apenas outro filme sobre uma família de criminosos, rapidamente se torna num exercício de suspense único. A realização de Michod quase que poderia ser uma masterclasse sobre a elegância do ritmo no cinema, apesar da brutalidade das personagens e do tema visceral.
5. "AJAMI" (2009) by Scandar Copti, Yaron Shani (Israel)
A visão de Scandar Copti e Yaron Shani da viada diária em Jaffa é um labirinto de 5 narrativas sobre diferentes experiências na Palestina contemporânea. Uma nomeação aos Óscares, uma menção especial em Cannes e uma miríade de prémios internacionais transformaram Copti e Shani em figuras incontornáveis no panorama cinematográfico no Médio Oriente.
4. "CARAMEL" (2007) by Nadine Labaki (Líbano)
Possivelmente o filme mais popular da nossa lista, a comédia da actriz/realizadora Nadine Labaki sobre a vida de 5 mulheres em Beirute arrasou no circuito internacional de festivais em 2007. Desde aí, Labaki tornou-se talvez na mais bem sucedida mulher do Médio Oriente no mundo do cinema.
3. "THE TRIBE" (2014) de Myroslav Slaboshpytskiy (Ucrânia)
Um longo filme ucraniano em linguagem gestual e sem legendas pode não ser uma escolha óbvia para muita gente, mas felizmente o filme de Slaboshpytskyi, “The Tribe”, é também uma das mais avassaladoras experiências cinematográficas do cinema europeu contemporâneo, transportando as audiências para um mundo onde os sentidos são estimulados de uma forma rara e única. É uma experiência obrigatória.
2. "HUNGER" (2008) de Steve Mcqueen (Reino Unido)
Considerando o enorme sucesso do realizador inglês dos últimos anos com “Shame” e “12 Years a Slave”, é surpreendente relembrar que os seus primeiros passos foram apenas dados há 8 anos atrás. O filme é talvez um dos olhares mais perturbadores sobre o conflito na Irlanda do Norte e um extraordinariamente lúcido retrato de uma das suas figuras mais importantes: Bobby Sands. Apesar do poder da narrativa, é no processo que Mcqueen se destaca da multidão e a sua obra de estreia ainda se mantém até hoje como o melhor exemplo do talento requintado deste realizador.
1. "BEASTS OF THE SOUTHERN WILD" (2012) de Benh Zeitlin (EUA)
O que terá acontecido a Benh Zeitlin? A estreia da sua primeira longa-metragem arrebatou o mundo com a visão fabulosa e imaginativa da agora lendária personagem principal “Hushpuppy”. Desde aí que o realizador se tem escondido, preparando o seu próximo projecto do qual só sabemos o nome: “Wendy”. Todo este mistério apenas contribui mais para a imagem enigmática de um realizador jovem numa missão secreta. Será que irá corresponder às expectativas?
